Ao parapeito da janela
Observo a estática,
Corpos imutáveis
Permanecem na sua original posição,
Ignorando a melodia
Triste que emana
Da janela metafórica.
Tentam sentir algo
Que não compreendem,
Irracionais pedaços de matéria
Inorgânica
Olham directamente
Para um brilho ofuscante
De um céu verde,
Brilhante,
O piano lança acordes,
Sem piedade
Para com as almas perdidas
Nas folhas caídas
De um Outono que agora começa,
Negro.
De mão dada com o destino,
Projecção de sombra na sombra
De uma árvore
Perscruta o infinito,
Procura a razão de paradigmas sem sentido,
Frases soltas
Que marcam
O decaimento
Da Humanidade.
No fundo do tempo
Encontra-se a origem da razão,
Essa que se esconde
Como aquela criança que relembro feliz
Na sua ingenuidade.
Debaixo da mesma árvore,
Olhando para a mesma sombra,
Um tu que questiona o motivo
De tal ocorrência
Recebe resposta infantil
Sem se aperceber da futura
Hipotética
Falência
Do racional.
Já é noite,
O tempo voou;
Negro,
O Outono que agora começa.
Sem comentários:
Enviar um comentário