quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sem vida

Falsa conjectura,
Quase vilipêndio misericordioso
Esbatido numa crista
De luz branca,
Divergida.

Frio abraço a composto de metal,
Sente-se o frio que emana
Da incoerência das palavras;
Dói de tanto sentir o esconder
Da vontade.

A fragilidade de duas lindas garras
Em redor de corpo quase senil,
Sugando a vida de metade bipolar,
Discreta.

Onda de choque invade futuro cadáver,
O defunto ainda vivo compartilha
Singelo momento na inocência própria
De quem arde por amor,
Sente-se a chama.

A luta intensa do frio/quente
Cria tempestades,
Indiferença é atraída para
Uma indiferença falsamente desmentida.

Clarão, partida na partida;
Não há mais energia.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Pasta de papel

Tabuleiro sem peças,
Incompleto.

Tombo qual castelo de cartas,
Procurando aquele retalho de puzzle
Em defeito.

Estrada sem saída,
Ficaste com o mapa
Que indicaria o caminho
Para aquele às de espadas
Escondido num recanto escuro,
Sozinho,
Sem vida,
Quase pasta de papel.

O silêncio tumultuoso
De uma noite negra
Transforma solitário caminho
Numa descida ao centro
Do frio Universo.

A quarta Sinapse

Contra-trilogia,
Pseudo-anarquia
De uma organização
Desfeita pela geração espontânea
De um negrume reflectido.

Falta vida, electricidade,
Motricidade
Desconhecida
Para uma centopeia
Descalça, dissimulada.

Récita energética
De silencioso declamador,
Peça gratuita
Em troca de vivos electrões.

Oh, Deus,
Acorda-me deste sono
Sobressaltado,
Confere-me energia!

Um café para a memória


E o Sol doirou,
Pausa para café
Na presença de uma
Recordação.

Brilho intenso
Passa por mim
Como se ontem
Fosse hoje,
Como um passado
Sobreposto à realidade.

Conversa amena,
Toda a atenção do eu
Se centra no tu
Desaparecido,
Agridoce memória.

A fita queima,
Dá-se o salto temporal
Até um Inverno próximo,
Quente como nenhum outro;
Tudo o resto é conto.

Onde se perde
Tão feliz vulto
Que desperta emoções?

Já não há café,
As areias estão espalhadas,
Perdidas.