terça-feira, 20 de setembro de 2011

Eterna Queda

Não consigo sentir;
Caminho em direcção à obscuridade;
Caindo mais fundo,
O vento bate-me na cara,
Sinto a liberdade cada vez mais perto,
Um desafogo mundano,
Um refugio no momento.

O mais profundo amor dissolve-se
Diante meus olhos,
E sem que nada ampare minh'alma
Peço redenção ao corpo.

Nada quero,
Por nada vivo,
Afogo-me nesta eterna queda
Rectilínea
Sem saber quando o fundo
Encontrarei.

Diante meus olhos
O mais profundo amor dissolve-se;
Uma teia enreda-me cada vez mais
Enquanto caiu cada vez mais depressa
No medo.

Clamo por ajuda,
Mas a resposta provém do eco
Incessante da minha voz dissonante;
Clamo por sentir paz,
Desta vez sem nada obter;
Grito!
Agora nem o eco responde,
Afugentei-o,
À semelhança de outro ser
Incompreendido;
Apenas me resta esperar pelo fundo,
Pela resposta,
Pelo eco.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Carta para Eu

Olá Eu,
Sempre perdido,
Disfuncional,
Procuras perder sem derrota
Uma vitória sempre fácil.

Só Tu
Consegues deturpar
A realidade fina e pura
De um grão de Luar
Numa noite coberta.

Só Tu
Pretendes alcançar o inatingível,
Mover o inamovível
E criar o impossível,
Assumindo responsabilidade
Pelos erros e misconcepções
De outrém.

Oh Eu,
Porque não consegues viver em desafogo
Sem morosidade,
Os demais fazem-no,
Devias tentar!
O refugio no subterfúgio
É algo atractivo!

Porquê Eu?
Porque te escondes
Numa casa
Que nem Tu pareces entender?

A estática do observador

Ao parapeito da janela
Observo a estática,
Corpos imutáveis
Permanecem na sua original posição,
Ignorando a melodia
Triste que emana
Da janela metafórica.

Tentam sentir algo
Que não compreendem,
Irracionais pedaços de matéria
Inorgânica
Olham directamente
Para um brilho ofuscante
De um céu verde,
Brilhante,

O piano lança acordes,
Sem piedade
Para com as almas perdidas
Nas folhas caídas
De um Outono que agora começa,
Negro.

De mão dada com o destino,
Projecção de sombra na sombra
De uma árvore
Perscruta o infinito,
Procura a razão de paradigmas sem sentido,
Frases soltas
Que marcam
O decaimento
Da Humanidade.

No fundo do tempo
Encontra-se a origem da razão,
Essa que se esconde
Como aquela criança que relembro feliz
Na sua ingenuidade.

Debaixo da mesma árvore,
Olhando para a mesma sombra,
Um tu que questiona o motivo
De tal ocorrência
Recebe resposta infantil
Sem se aperceber da futura
Hipotética
Falência
Do racional.

Já é noite,
O tempo voou;
Negro,
O Outono que agora começa.

domingo, 11 de setembro de 2011

Cortex sintetizado

Leio nas entrelinhas
Um desespero continuado,
A palavra errada
Dita inocentemente
Deixa cicatrizes duradouras.

Na introspecção do agora
Relembro o passado,
Como se dia feliz
Fosse revivido
Neste preciso momento.

Como posso dizer adeus
Se o agora dói
E já preconiza
Esse fatídico momento?

Deparo-me com um muro de pedra
No meu cortex sintetizado,
Uma barreira instransponível
Para a resposta irracional.

Como imaginar o agora
Se o amanhã não melhorará
E se o passado se revelou inseguro?

Uma densa camada
De água vaporizada
Tolda-me o julgamento,
Remete-me à despedida
Que tanto quero esquecer,
Quiçá evitar!

Beauty of a Beast

Is it time
For one last goodbye?

The splendorous beauty of a beast
I created
May haunt me
For the rest of my life,
Murdering every molecule
From every neurone i possess.

Where can i find balance?

The pejorative sensation
Of impending doom
Strikes at every second,
Filling thoughts and pages.

Nonsense of ideas,
I find myself redundant when confronted
With duality.

The book has too many pages
For the age it demonstrates,
How can some story be erased?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Como dizer Adeus?


E numa noite de Inverno
Requentado,
Café melodioso
Trás memória de dor,
Incompreensão.

Ser livre de toda a mágoa
Neste gélido local,
Ser livre de todo o trabalho
De suportar os alicerces de
Racionalização contínua.

Tentativa
Erro,
Talvez não queira ir
Naquela sempre última despedida,
Curta como música épica
Cortada pela metade.

Como dizer Adeus?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Saudade

A saudade.

O seu fantasma
Visita-a todas as noites,
Por entre um nevoeiro
Espesso, triste.

O desespero de uma palavra
Mal amada,
Procura letra que descreva
A falta que faz apenas um acento.

Saída de cena,
Desespera por um exercício respiratório
Perto da sua presença.

Onde te podes reencontrar com tal vulto?