segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Filho do Mar


Na calmaria de uma manhã enublada
Revejo o oceano pensativo
A mente eleva-se do chão,
Eleva-se e sente a chamada.

Sinto o areal ainda frio a meus pés,
Sou o Deus de uma paisagem de sílica,
Procuro ver-me livre deste pesado fardo,
Algo que sempre me desfez.

Começo uma corrida em direcção ao mar
Para me ver livre deste pensativo momento,
Procuro na zona de rebentação
Um local para me acalmar.

Não é o fim, é apenas o começo
De um novo amanhecer.
O local sempre bem visível,
Nunca, nunca o esqueço.

Sou um filho do mar,
De volta a casa.

Um sonho reconfortante


"Nos meus sonhos consigo ver-te,
Dizer como te sentes,
Nos meus sonhos consigo segurar-te,
E isso é tão real."

Adormecido, olho-te profundamente
e sinto a paixão fluir,
Tu eu eu, sozinhos simplesmente
numa praia vazia.

Mergulho cada vez mais no meu subconsciente,
Procuro novas sensações
e novos sentimentos para experimentar,
Sinto-te por perto, aproximo-me
e o momento começa a fluir

Beijo-te, e sinto o calor
atravessar os nossos corpos,
O meu coração bate em uníssono com o teu,
O pleno ardor
de duas almas semelhantes,

A areia transfere a sua energia
para a nossa aura,
Mas que perfeita companhia
nestes momentos de paixão imperfeita.

Procuro complementar o momento
com mais uma demonstração de afecto,
Mas nada pode ser acrescentado
a todos estes momentos,
é perfeito ter-te por perto.

Subitamente, desvanece o teu corpo,
Apaga-se a tua voz,
Acordo de um sonho que quero tornar real,
Apercebo-me da realidade.

Ainda assim não desespero,
Quero repetir toda a história,
Desta vez sonhando acordado.

o primeiro verso é uma tradução livre de parte da letra da música "One Last Goodbye" dos Anathema

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Feast of Friends - Jim Morrison



Wow, I'm sick of doubt
Live in the light of certain
South
Cruel bindings.
The servants have the power
Dog-men and their mean women
Pulling poor blankets over
Our sailors

I'm sick of dour faces
Staring at me from the TV
Tower, I want roses in
My garden bower; dig?
Royal babies, rubies
Must now replace aborted
Strangers in the mud
These mutants, blood-meal
For the plant that's plowed.

They are waiting to take us into
The severed garden
Do you know how pale and wanton thrillful
Comes death on a strange hour
Unannounced, unplanned for
Like a scaring over-friendly guest you've
Brought to bed
Death makes angels of us all
And gives us wings
Where we had shoulders
Smooth as raven's
Claws

No more money, no more fancy dress
This other kingdom seems by far the best
Until it's other jaw reveals incest
And loose obedience to a vegetable law.

I will not go
Prefer a Feast of Friends
To the Giant Family.

Repugnante desejo

Deixem-me
Pensamentos sombrios,
Tormentas passadas
E presentes.

Não!
Tento não ouvir a voz,
As suas ordens acatar,
Atenção desviar
De tormenta atroz.

Porque tentas apoderar-te
De do meu corpo?
Questão inocente
De mim para mim,
Resposta ausente,
Dor sem fim.

Escuridão,
Qual a razão?
Incitas-me a colocar
Pontos finais
Em vez de vírgulas,
Quero que a escrita
Prossiga!

Não aguento nem mais
Um pico de insensatez!
Persigo paz de espírito
Sem saber que sentido lhe dar.

Dividido,
Desaparecendo
Num nevoeiro de sensações,
Procuro respostas
Para uma ignorância sábia
Que sempre me persegue,
Eterno dia de Inverno.

Como sair deste Inferno?
O controlo foi perdido
Na vírgula passada.

Entrego a soberania
Dos meus poderes a ti,
Oh ser todo-o-poderoso.

A liberdade que desejo
Torna-se na voz insignificante,
Conquista-me de rompante
Um desejo repugnante
De um último bocejo.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Novo dia, atmosfera passada


Um novo dia nasce,
Nuvens toldam o julgamento,
Avizinha-se decisiva
A sua concretização.

Momentos de tensão
Cortam a atmosfera
Como uma faca de gume rombo,
Instrumento predilecto
De uma sombra
Outrora viva.

Cansativa,
Esta batalha
Desfaz toda uma confiança,
Corrói extensivamente
Um paradigma dual.

Perde-se o animal,
Os instintos,
Outra de sobrevivência,
Transformados em dependência.

Independência,
Capacidade de saltar
Sem receio de cair,
Não procurando viver
Num plano transcendente.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Envolto nas trevas


Demónios passados,
Momentos revividos
Numa actualidade
Que desejo finda.

Ironia sem sentido,
Sinto um pesar, uma sombra
Sempre presente.
Não raciocino,
Desespero por paz
Eterna.

Descanso (eterno).

Definir-me-ei por mero
Frasco esvaziado no momento,
Método generalizado
De terminar em paz,
Com (des)agrado,
Algo que não satisfaz?

O olhar dita a consciência,
Marca o meu estado
De dormência
Mental, hiperactiva
Na sua escuridão.

Envolto nas trevas,
Onde irei encontrar
Paz, eternas tréguas?

Não pode o reino da salvação
Levar-me ao descanso?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vazio palpitante


Uma garrafa vazia sentada
Naquele vazio canto,
Escondido,
Sem luz.

Tempestuoso,
O tempo age em conformidade
Com o vazio de uma garrafa
Outrora cheia.

Seca,
Desprovida de sentimentos,
Apenas um pedaço de vidro
Deixado no esquecimento,
Perdido no tempo.

Longe vão as degustações,
Longe se encontra aquele caminho
Delineado,
Agora esquecido,
Ignorado.

Sonhos proibidos,
Ódios nutridos,
Onde se encontra o rótulo
Para um objecto
Abandonado ao seu destino,
Um vazio palpitante.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Apenas algo sem título pt2


Proximidade...
Quero sentir o calor do teu corpo,
Agarrar-te bem perto enquanto tudo
Se desmorona.

O tempo irá parar,
Prédios colapsam em câmara lenta,
Tudo é lento.

Enquanto tudo se desmorona nós ficamos
Pendentes,
Enquanto tudo se desmorona nós passeamos
Independentes,
O Mundo é nosso para explorar.

Não tenho (tenhas) medo do fim,
Não tenho (tenhas) receio de um amanhã menos bom.
Comigo, agora, juntos!

Vou
Agarrar-te bem perto de mim enquanto tudo
Se desmorona,
Eu e tu.

Fim, uma miragem.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Preto no Branco


Preto e branco,
Visão sobre venda
Colocada numa face sem face.

Vislumbre térreo de uma nuvem passageira
Em tons monocromáticos,
Beleza passageira que desejava eterna.

Campo sem frescura,
Verde perdido nas equações visuais
De uma retina queimada
Por um pensamento no estrito,
Analítico!

Metáfora de metáfora,
Demónios acordados não permitem
A visualização de um mundo redondo,
Preenchido,
Alegre.

Onde estás tu memória reencontrada?

Indiferença paira no ar,
Cores fogem a sete pés de um vendaval
De inverno,
Cérebro desmotivado,
Perdido.

Onde estás tu cor perdida?

Verdade absoluta no sentido lato,
Escondida sob vales e colinas alegóricas,
Picos de mentira dissimulados.

Onde te posso encontrar verdade?

Perdição, dor de perder,
Vende-se este negro espaço,
O preço é convidativo!

Base de operações
Operada
Por um desejo incontrolável de reencontrar
Cor.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Memória, Cérebro. Memória, Escrita


Revisito o passado com
Quentes lágrimas no rosto,
Quedas de água imensas que correm
Sem aparente destino,
Paradas por uma mão que afaga o rosto.

A revolta patente num corpo
Desmembrado mentalmente pelas amarguras
De um precioso gume afiado,
A dor sentida diariamente
Por um ser desfeito,
Dilacerado.

A distância do passado aumenta,
Largos são os passos dados pelo tic-tac
Do relógio biológico destruído.

Alimento para o corpo,
Necessidade calórica
Alegórica,
Não há força da natureza
Que consiga juntar de novo
As quebradas peças que compõem
Este sofrível decadente pensamento.

Sentido estrito sobreposto pelo lato,
Páginas cortadas em pequenas porções,
Memórias que não podem ser de novo reunidas,
Antigamente vividas,
Hoje fragmentadas,
Perdidas.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Onde estás tu?

Tempestade aproxima-se,
A cautela ficou enclausurada num canto qualquer,
O tempo escuro e frio chegou
Para aquecer a destruição que sinto.

Preciso de partir algo,
Esquecer aqueles dias passados perto de ti,
Onde a tua companhia era indispensável
À minha boa-vivência,
Perto daquele prédio que gosto de chamar
Coração.

Murro na parede,
Quero compreender o que se passa!
Preenchido e vazio,
Encontro-me à deriva num oceano de sensações
Indescritíveis.

Onde estás tu?

A distância pesa no meu corpo,
Grito penosamente com os lábios fechados
Por mais um dia,
Mais uma hora,
Mais um minuto,
Mais um olhar...

Onde estás tu?

Preso na liberdade do mundo
Apenas tenho a memória para viver de novo
Tempos passados na companhia perfeita
De um ser único.

Onde estás tu?

Eterna questão que nunca irá ser respondida,
Pseudo-retórica...

Wish You Were Here



"How I wish, how I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here"