segunda-feira, 28 de março de 2011

Considerações perturbadas

I - Génesis

(...)

Supressão do início.

Anos passaram,
Amizade escondida num heterónimo
Ainda não criado,
Simetria de cérebros
Que pairam em conjunto
Raciocinando em separado.

II - Descoberta do incrível

Quem dita as regras,
Constantes temporais
E inconstantes milagrosas.

Dói querer saber,
Será a nossa maior oferenda
O meu maior pesadelo?

Racionalização,
Refracção de pensamentos
Pudicos com letras à mistura.

Amigo,
Podias ser maior que o pensamento!

Mais um segundo passado,
Ainda não compreendo a existência do Mundo,
Porque somos moléculas insignificantes
Neste contexto estelar?

Dói querer descobrir,
Será a minha vontade
O nosso maior pesadelo?

III - Conformidade (Sinapses parte III)

Onde andas meu caro?
Os minutos passam vagarosamente.

Adormecido,
Olho-me, sisudo, sem compreender
Este estatuto de conformismo sedentário
A que me remeti,
Sou apenas mais um grão de areia
No meio de extensa praia deserta.

Onde andas meu caro?
Sinapses já não funcionam,
Já não me sinto mais um semi-deus
Possuído pela electricidade do descobrimento
Empírico.

IV - Fim

Prestes a entrar no caixão vejo o perdido,
Doeu pensar,
Doeu racionalizar,
Tudo em vão.

Sensações perdidas nas penosas horas que me restam,
Arrependimentos de ser como sou,
Imutável face à mudança,
Perdi a relação de semelhança entre dois hemisférios
Que já não se cruzam.

Não há partilha,
Não há vontade,
Onde foi a fraternidade
Sensorial de um relâmpago
Que partiu tão depressa
Como chegou?

Não vivi, apenas deambulei,
Divaguei pelo pensamento
Esquecendo o importante,
O momento.

(...)

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