terça-feira, 29 de março de 2011

Purgatório anunciado

Execrável imagem,
Vulto desfigurado
Surge no horizonte,
Cambaleando.

Vermes cobre o chão em redor
De recluso do entre-vida,
Atroz odor,
Doce travo de decomposição,
Tão repulsivo que se torna
Visível ao olho do mais incauto.

Vingativa,
Lua nossa olha de soslaio
Para futuro defunto,
Preso num cenário pós-apocalíptico
Nos confins de uma selva urbana.

Outrora gloriosas,
Árvores juntas a passeios são meros
Aglomerados de podridão,
Musgo seco como o Sol de Verão
Cobre o remanescente de caules
Inquietos.

O Vento abana pequenas rosas ali perdidas,
Frescas e suculentas,
Destoando o local de sepultura citadina.

Carros,
Onde estão eles?
Carcaças enferrujadas,
Esbatidas pelas cores do tempo
Que não pára nem perdoa.

Parceiro decadente cada vez mais próximo,
Funeral anunciado no local
Onde se encontra destruída tampa de esgoto,
Cheiro libertado sempre melhor que do
Quase defunto.

Embrenhado pela escuridão adormece
Personagem,
Purgatório aguarda para saldar dívidas
Deixadas naquele local
A que chamaram Terra.

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