domingo, 5 de dezembro de 2010

Curta-metragem

Fim,
Parece estar concluída mais uma obra-prima.

Que somos nós senão curtas-metragens?
A contagem decrescente para o final
Tomada como não garantida,
Uma pseudo-fachada de um pseudónimo de nós mesmos,
Simples forma de ignorar que o fim se aproxima
A cada segundo que passa.

Depressivo,
Não penso na graciosidade da vida,
Na sua potencialidade infinita.

Procuro simplesmente um refugio na racionalidade,
Sou um ser racional e tudo será e é cautelosamente calculado.

Chamo-me calculista,
Deixando de parte o frio de um corpo que se avizinha putrefacto
Num mero buraco
Num chão qualquer.

Sofro,
Procuro adjectivos para descrever a dor que por vezes sinto,
Lamento sentir,
Quero sentir,
Gosto de sentir
Sem gostar de sentir.

Procuro simplesmente um refugio na racionalidade,
Sou um ser racional e por vezes redundante,
Sem ser redundante
Gosto de ser redundante,
Quero ser redundante,
Lamento ser redundante,
Procuro palavras para descrever esta redundância redundante
Que me rodeia.

Dor,
Dor de sentir,
Gosto de sentir dor,
Dor associada ao sofrimento,
Dor até cair num buraco num chão qualquer,
Um buraco redundante, igual a todos os outros.

Deixa-me dor,
Aproxima-te dor,
Termina esta curta-metragem,
Não aceites repetições,
Passa-as apenas num breve jantar de amigos.

5... 4... 3... 2... 1...
Fim.

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